45% dos usuários ativos do Twitter na Rússia são bots, segundo estudo da Universidade de Oxford em matéria do The Guardian, administrados com a intenção de manipular a opinião pública.
A Anitta criou um site para ensinar fãs a alterar seu país de origem na internet (mascarando o IP) para inflar o ranking de suas músicas em plataformas digitais, propagando o seu nome. É possível que bem menos gente do que pensamos, nos EUA, conhece a artista. Artigo de Chico Barney no UOL Entretenimento.
Grupos especializados na divulgação de notícias falsas e fraude em campanhas online surgem em vários cantos do mundo usando, entre outras técnicas, as descritas acima para alterar o rumo de eleições e a imagem de diferentes organizações.
Crédito da imagem: E-commerce News
Sem querer ser alarmista, mas estamos à beira de uma crise crônica de confiança no ambiente digital. Quem trabalha há muito tempo na indústria da Internet está acostumado com a desconfiança. “Comprar pela internet? Sei não.”, “Li na internet, mas será que é verdade?”, “Só acredito quando vejo no [veículo físico tradicional]”.
Claro que os números do e-commerce e as cifras dos unicórnios se multiplicam pelo mundo. A confiança do consumidor vai bem, obrigado, mas este não é o meu ponto.
Comunicação digital no centro desse alvo
Um recorte deste assunto no setor de Marketing & Comunicação é destacado pelo discurso da P&G há alguns meses atrás sobre padrões inconsistentes de visibilidade digital, devido a falta de transparência, principalmente pelos maiores veículos do mercado: Google e Facebook. Segundo este que é um dos maiores anunciantes do mundo, os gigantes tem até o final deste ano para se adequar e avançar no fator confiança, sob pena de ter seus investimentos reduzidos drasticamente e redirecionados para outras mídias e veículos.
Destaque no sentido da transparência também foi o recente boicote ao Youtube/Google por não barrar anúncios em sites extremistas e de cunho violento. () “Desapontamos grandes anunciantes”, foi o que declarou Allan Thygesen, presidente do Google Americas. Na época, ele anunciou “novas ferramentas para aprimorar nosso sistema de segurança e permitir que os anunciantes estejam mais seguros”.
“Vamos falar?”
Exceto pelas empresas especializadas em segurança da informação, tenho visto pouco debate por parte do nosso trade. Assuntos como Big Data, Mobile, UX são fundamentais, mas segurança, viewability e transparência também são indispensáveis e o mercado digital está lento neste caminho, na minha opinião. O ambiente rico e inexplorado de outros tempos está ficando blindado nas mãos de poucos, assim como já acontece em outras indústrias. A consequência é a força do lobby e a dificuldade que outras empresas inovadoras tem de acessar as migalhas de investimento que sobram da concentração de mídia, falando especificamente do mercado brasileiro.
Vejo com bons olhos a pressão dos grandes anunciantes para que o mercado digital possa avançar mais rapidamente na adoção de padrões transparentes e auditoria de terceiros. Estes assuntos precisam de maior evidência nos veículos e nas associações do trade. Por outro lado, compreendo que é parte do processo de evolução da Internet comercial esta construção da confiança. Temos tecnologia e métodos suficientes para isso. Precisamos, contudo, manter a vigilância constante porque, como dizia minha avó: “Confiança é algo que você leva uma eternidade para construir e um segundo para perder”.